Busca interior através da Ayahuasca!



O chá da Ayahuasca vem sendo utilizado milenarmente por índios da América do Sul, como instrumento espiritual e ritual, com extrema religiosidade. No século passado surgiram seitas não-indígenas, que passaram a fazer uso do chá. Essa utilização vem aumentando desde a liberação do uso da Ayahuasca para fins religiosos no Brasil. A ação do chá deve-se à presença de alcalóides nas plantas utilizadas na sua preparação: o cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psycotria viridis. Os efeitos observados são: alucinações, hipertensão, taquicardia, náuseas, vômitos e diarreia. Segundo alguns pesquisadores estas ações podem causar efeitos mais sérios ao organismo e, portanto, merecem maior atenção dos profissionais da saúde, no sentido de que se promovam estudos que possam permitir a utilização religiosa do chá sem maiores danos biológicos e para a conscientização dos usuários sobre os possíveis efeitos tóxicos destas substâncias. Já na visão dos usuários do chá, ou seguidores ritualísticos, os efeitos físicos são, nada mais nada menos que manifestações do conteúdos emocionais reprimidos, que ao ser colocados frente a frente com o poder espiritual da planta, manisfestam-se de várias e diferentes formas, as mais comuns são a diarreia e o vômito, que são compreendidos pelos sacerdotes como manifestações de limpeza do organismo, por exemplo o vômito pode ser interpretado como conteúdos que a pessoa no seu dia a dia não consegue expor, ou jogar pra fora, (quem engole desaforos).



A palavra Ayahuasca é de origem indígena. Aya quer dizer "pessoa morta, alma espírito" e waska significa "corda, liana, cipó ou vinho". Assim a tradução, para o português, seria algo como "corda dos mortos" ou "vinho dos mortos". No Peru, encontrou-se o seguinte significado: "soga de los muertos", (Labate e Araújo, 2002).
O chá da Ayahuasca consiste da infusão do cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psycotria viridis. O uso - inicialmente restrito aos povos indígenas - passou a ser incorporado pelas civilizações e vilarejos da Amazônia Ocidental, surgindo o vegetalismo (medicina popular de civilizações rurais do Peru e da Colômbia, que mantém elementos antigos sobre plantas, absorvidos das tribos indígenas e influências do esoterismo europeu dos colonizadores) (Labate e Araújo, 2002).
No início do século XX, o uso de substâncias psicotrópicas na sociedade ocidental era quase inexistente - com exceção do álcool (Labigaline, 1998) - e embora a tradição da bebida seja comum a diversas tribos de grande parte da América do Sul (Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Equador), somente no Brasil desenvolveram-se religiões não-indígenas que utilizam a Ayahuasca. Estas religiões reelaboraram as tradições antigas com influências do cristianismo, espiritismo kardecista e religião afro-brasileira (Labate e Araújo, 2002).
A liberação da Ayahuasca para uso em rituais religiosos no Brasil representou a liberdade de culto e um aumento significativo dos adeptos do chá.
Do ponto de vista toxicológico, o uso do chá pode trazer efeitos nocivos ao organismo como: desidratação, por conta das náuseas, vômito e diarréia comumente relatadas, e a síndrome serotoninérgica, sendo que a última é a conseqüência mais grave desta utilização (Callaway et al., 1999; Callaway et al., 1994; Sternbach, 1991).


Como pesquisador em parapsicologia e misticismo, tenho estudado o "ritual religioso" da Ayahuasca, inclusive ingerindo a bebida, não tenho ainda uma conclusão sobre o assunto, mas em um dos meus estudos tenho observado o comportamento da sacerdotiza Govyndha que dirige o Templo pirâmide de luz, situado em Jundiaí, nos arredores da serra do Japi.
Segundo Govyndha, durante suas praticas religiosas, acompanhada do chá da Ayahuasca, ela recebe orientação de mestres espirituais, que orienta sobre trabalhos de cura a distância, desdobramento, etc.
A imersão psíquica da sacerdotisa durante os rituais com Ayahuasca, é impressionante, o conteúdo que ela trás é no mínimo misterioso, dentre suas várias imersões, ela trouxe á tona e confeccionou, seguindo a orientação dos mestres espirituais, o Tarô Atlante, dedicada aos trabalhos do templo, precisou abandonar trabalhos convencionais, um deles de artista plástica, por conta disso passou a precisar de atividades que sustentasse o Templo Pirâmide de Luz, então seus mestres espirituais lhe passaram o formato Tarô Atlante, passou também formatos de vivências onde engloba palestras, meditação, danças interiorização, outra atividade passada pela espiritualidade à sacerdotisa foi o curso em 3 estágios chamados de Portais de Atlântida, enfim todas as atividades do templo é antes de tudo diferente do que se vê pelos espaços esotéricos afora, outro trabalho que Govyndha partilha com seu público é a pintura sensitiva, neste encontro ela é orientada pelos mentores espirituais a retratar numa tela enquanto tratam energeticamente o público presente.

A Sacerdotisa Govyndha relata que durante os dez anos de vivência com a "planta professora", juntou trabalhos passados pela espiritualidade que ainda nem conseguiu formatar e repassar para o público.



A Ayahuasca no contexto religioso.

O SANTO DAIME (CULTO ECLÉTICO DA FLUENTE LUZ UNIVERSAL)
O Santo Daime foi criado em Rio Branco (AC), por um seringueiro chamado Raimundo Irineu Serra. O chá é feito com a união das plantas: o cipó é o elemento masculino e a folha o feminino. A palavra Daime vem do verbo "dar" mais o pronome "me", como um pedido: - "Dai-me força, dai-me luz" (Labete e Araújo, 2002).
Os rituais na religião do Daime são designados "trabalhos" que se aplicam sobre o corpo e o pensamento (Labete e Araújo, 2002; Macrea, 1992). A noção de trabalho nomeia o "trabalho espiritual" que tem como suporte o corpo em sua totalidade, essas ações dizem respeito a atitudes corporais visando à adaptação do jovem (neófito) ao sistema. O "trabalho" significa uma multiplicidade de técnicas que têm o corpo por suporte: "fardamento", concentração, coordenação de movimentos, o cântico de hinos e os efeitos físicos da bebida. Salienta-se que é preciso aceitar os códigos de conduta no interior do sistema, com destaque para a obediência, a humildade e o amor a todos os irmãos (Labete e Araújo, 2002; Macrea, 1992). A bebida é considerada instrumento de acesso ao "mundo espiritual", que só pode ser conseguido através do conjunto de técnicas que induzem efeitos previstos e prescritos pelo sistema (Labete e Araújo, 2002; Macrea, 1992).
As técnicas corporais variam com a idade, são divididas em relação ao sexo e instituem identidade e posição social (Labete e Araújo, 2002). Existem inúmeras técnicas no "daimismo". Podemos citar, por exemplo: "técnicas do nascimento e da obstetrícia" - nas quais o chá é utilizado por mulheres grávidas como proteção e facilitador do parto. Em geral, as mulheres daimistas têm seus filhos em casa e aconselha-se que tomem o Daime (Labete e Araújo, 2002). Os recém-nascidos recebem uma gota de Daime em sua boca, podendo continuar a recebê-lo ao longo da vida, de acordo com a decisão dos pais (Labete e Araújo, 2002). O batismo consiste em colocar na boca do batizando uma pitada de sal, seguido de algumas gotas de Daime e o derramamento de uma pequena quantidade de água sobre a cabeça do neófito; são exemplos ainda as "técnicas da infância, as técnicas da adolescência e as técnicas de cuidados corporais", "técnica do consumo" (Labete e Araújo, 2002).
O ritual de preparo do chá é realizado na última lua nova do mês, recaindo em um fim de semana, quando então é feita a limpeza das plantas. Em seguida, prepara-se a infusão a partir dessas plantas (iniciando o cozimento da folha e do cipó em camadas alternadas), indo ao fogo três vezes, representando o firmamento do sol, lua e estrela. Em seguida, ocorre a ingestão junto aos cânticos dos hinos (Labete e Araújo, 2002; Macrea, 1992).
Destaca-se, entre os usuários do Daime, o reconhecimento de sua ação terapêutica. A interpretação simbólica da doença é constituída através de noções cristãs como o arrependimento e o perdão, apontando para a necessidade de uma transformação ética, conseguida com a utilização do chá, devidos aos seus poderes na mente humana (Labete e Araújo, 2002). Os conceitos kardecistas juntam-se às concepções cristãs na organização das explicações daimistas de doença e cura (Labete e Araújo 2002; Macrea, 1992).
A BARQUINHA (CENTRO ESPÍRITA E CULTO DE ORAÇÃO CADA DE JESUS E FONTE DE LUZ)
Essa religião foi criada no Acre, onde se restringe até hoje (http://members.tripod.com/bmgil/aws08.html). Possui influencias de práticas religiosas, tais como catolicismo popular, xamanismo indígena, religiões afro-brasileiras e filosofia do Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento. O elemento principal é o Daime, de onde os participantes adquirem uma percepção diferenciada da realidade, entrando em um estado alterado de consciência (Labete e Araújo, 2002).
Uma das características reside no fato dos símbolos estarem relacionados ao mar. A barca e os seus integrantes têm dois significados: o primeiro é o de que ela representa a missão deixada por seu criador (marinheiro, filho de escravos) e o segundo expressa a viagem de cada um pelo mar, representando a viagem/passagem do ser humano pela vida (Labete e Araújo, 2002).
A UNIÃO DO VEGETAL
Existem hoje, cerca de cinco mil pessoas ligadas à União Vegetal (UDV) em diversos locais do país. Seus participantes ingerem o chá em sessões noturnas quinzenais regulares, em sessões anuais e datas comemorativas cristãs. Essa doutrina poderia ser denominada como cristianismo espiritualista, com influências orientais e de outras religiões (Labigaline, 1998).
Além da crença nessas idéias, a instituição desenvolveu um conjunto de regras, sanções e valores morais que facilitam a evolução espiritual, segundo seus membros. A infidelidade conjugal, o uso de álcool e outras substâncias psicoativas são exemplos de práticas desaconselhadas por seus membros. A instituição foi lentamente se hierarquizando e hoje seus membros estão divididos em mestres, conselheiros e discípulos (Labigaline, 1998).
Os rituais são dirigidos pelo Mestre Geral Representante de cada núcleo, não existem mulheres nesta função. A diferença hierárquica existe também na divisão de atividades do núcleo, como o preparo do chá, lanches e refeições que são servidos nos dias de trabalho e rituais (Labigaline, 1998).
O uso do chá por seus membros é visto como uma forma de atingir um estado de êxtase e lucidez espiritual. OMestre dosa, segundo sua impressão, a quantidade que cada indivíduo deve receber, não excedendo um copo americano (150 a 200 mL) (Labigaline, 1998). Os usuários experientes têm muito cuidado na escolha das pessoas e do local onde é realizado o ritual (Labigaline, 1998). Na presença de pessoas iniciantes ou pouco conhecidas pelo grupo, esses devem estar sempre acompanhados de um usuário experiente e geralmente esses realizam uma preleção coletiva com a finalidade de atenuar ao máximo a possibilidade do surgimento de reações adversas e para proteção da experiência grupal (Labigaline, 1998).
Nesta preleção, realiza-se um planejamento do ritual considerando-se aspectos tais como: combinações prévias daquilo que os participantes podem realizar, preparação da alimentação que será ingerida durante ou após o ritual, se serão utilizados ou não tranqüilizantes para pessoas que passem por uma "viagem ruim" e se haverá ou não algum tipo de comunicação verbal entre os participantes durante a experiência (Labigaline, 1998). Quando os efeitos começam a surgir, o Mestre circula entre os participantes perguntando se "há burracheira1" ou se os efeitos começaram a surgir (Labigaline, 1998). Durante as duas horas seguintes ocorrem vários períodos de silêncio, interrompidos por chamadas ou canções que evocariam os espíritos protetores, cantados geralmente por um dos Mestres (Labigaline, 1998). Se alguém desejar sair, deve solicitar ao Mestre e seguir o sentido anti-horário da mesa (Labigaline, 1998). Esta doutrina mostra-se extremamente cuidadosa, organizada e fundamentada em seus conceitos e valores morais e religiosos.



Depoimentos de usuários
Neste trabalho, "membros" das seitas ofereceram-se, voluntariamente, para manifestar suas opiniões a respeito do assunto. Como os relatos foram espontâneos, não foram identificadas suas iniciais, sendo transcritos somente seus depoimentos.
Abaixo os relatos das experiências físicas e as mirações obtidas durante a burracheira.

"Na minha primeira experiência participei de todo o ritual na UDV e demorou um pouco para começarem os efeitos. De repente, comecei a ficar meio letárgico e aí eu vi o índio gigante ao redor da mesa, trazendo aburracheira".
"Cheguei na beira de um barranco que tinha um buraco, coloquei o rosto no buraco pra ver o que tinha dentro, mas tive medo de olhar. Aí comecei a ouvir um barulho de mãos me chamando para entrar e uma voz disse: - Ele tá com medo, ele não vai vir! - Aí coloquei a cabeça no buraco e vi muitas luzes brilhando lá no fundo e escorreguei pra dentro. Nesse momento, tive a sensação do parto, era como se estivesse saindo do ventre da minha mãe. Ao meu redor, surgiram borboletas, daí não tive mais medo".

"Lembro de tudo nitidamente. Eu via seres da floresta carregando lixo da floresta para dentro de uma caminhonete. Muitos seres e muito lixo. Então perguntei para um deles: - O que é isso? - um dos seres me respondeu - São as suas máscaras, você não pode ver ainda...!".
"Se a pessoa está aprisionada ao ego ela pode se sentir muito mal. Transporte para um mundo feio, ruim. Sentir náusea, diarréia é o que chamamos de PEIA, significa o indivíduo passando mal".

"Senti a presença da Nossa Senhora, a mãe Divina, mas não tive condições espirituais de olhá-la. Foi muito maravilhoso".

"Eu não vomitei nenhuma das vezes".
"Na primeira vez passei muito mal, com vômitos excessivos, taquicardia, não conseguia manter-me em pé, tinha medo, não conseguia dormir, mas isso aconteceu porque eu havia caminhado muito e esses efeitos são um processo de limpeza do organismo. No dia seguinte, estava super bem, levinha, sentia a pele limpa, como se estivesse hidratada. A única vez que tive uma miração, senti-me voando, sentia flutuar acima do meu corpo, elevada acima das pessoas e sentia a presença na sala de pessoas que não estavam, com vestes reluzentes verdes e brancas. Nem todas as vezes vomito, isso só quando me desconcentro do hinário."

Sobre as mudanças observadas na personalidade e saúde e a perspectiva de uso do chá.
"O que mudou foi à ferramenta de autoconhecimento. Benefício de imunidade eu diria que sim, porque sou convicto de que o bem-estar físico vem da boa conectividade com a divindade".
"É possível atingir as mirações sem o chá. O daime não é o único caminho. Eu diria que, para mim, foi necessária essa ferramenta para controlar o meu ego".

"Nunca vi alguém necessitar de aumento da dose. Eu não sinto necessidade de tomar o chá".
"Se um cara tomou o chá e teve uma miração que, por exemplo, a inveja atrapalha a vida dele e depois sente inveja quando vai tomar o chá novamente este 'cobra' dele e aí ocorre a PEIA. O sofrimento, o arrependimento gerado que causa a redenção".


"O daimismo é um recurso espiritual extremamente privilegiado, não se deve tratar com preconceito uma cultura milenar que traz um contato com a natureza. O Daime é o Santo Graal da busca pela felicidade".

Minha experiência.

Particularmente, pelo menos neste ritual em Jundiaí é recomendado abster-se uns 3 dias antes de  carne vermelha, bebidas alcoólicas e sexo. pensando racionalmente, como pesquisador, penso que o jejum de alimentos pesados, e jejum no dia do evento, levaria o participante a não vomitar e ter diarreia, porque comigo a ânsia de vômito era constante mas como não tinha nada no estômago, não conseguia regurgitar, a sensação de diarreia também era sentida mas ia ao banheiro e não acontecia nada, e olha que eu não consigo ver uma pessoa vomitando.

Com relação a alucinações é uma coisa doida, muitas imagens se misturando explosões de cores, pessoas falando, etc. Já numa terceira experiência me perdi nos pensamentos e quando percebi eu estava ouvindo uma história sobre meu pai (que eu nunca conheci) e minha mãe, quando eu tentei prestar atenção fugiu-me o contexto.

Em outra experiência, fui ao ritual e experimentei pensar na solução de um problema que me incomodava havia algum tempo, novamente eu estava perdido em meus pensamentos, e quando dei por mim eu estava com a resposta explodindo na minha mente com uma frase repetida. ao chegar em casa fui verificar se a solução que me foi apresentada era plausível, e constatei que era aquilo mesmo.

Bom, penso que de momento, posso dizer que, sendo ou não espiritual algo importante acontece interiormente, e a interpretação fica na individualidade de cada um, se a busca é saciada e respostas para certos conflitos afloram, de onde vem é o que menos importa, eu posso me sentir a vontade ao dizer que a resposta estava comigo o tempo inteiro, mas outro pode relatar que recebeu de outra fonte, terrrena, extraterrena, ou extrafísica, não importa, o campo de nossa consciência é um terreno insondável, e a busca em estado alterado de consciência pode nos colocar em contato com realidades internas impensadas.




Referências: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ayahuasca
http://www.scielo.br/scielo.phppid=S010160832005000600001&script=sci_arttext&tlng=es
http://chasbrasil.com/cha-ayahuasca
http://www.templopiramidedeluz.blogspot.com




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